Eu sou a boneca partida
Com o qual ninguém quer brincar.
Nunca a escolhida,
Sempre desprovida
Da diversão a que todos têm
direito.
Eu sou a alma perdida
Que vagueia sem parar,
Noite e dia.
O mar percorria,
A terra pairava.
Tudo o que eu queria
Era alguém para amar.
Eu sou a onda quebrada,
Sempre inacabada,
Nunca chego a quebrar
À beira-mar.
Desfaço-me a meio
Sem mais força para a vida
aguentar.
Eu sou a lágrima derramada
Apenas chamada
Quando algo está mal.
Em momentos de felicidade
(Não que vos interessasse)
A lágrima também queria
participar.
Mas para ela nunca há lugar.
Eu sou a peça do puzzle que não
encaixa,
Pareço sempre estar a mais.
Por mais que tente, ou que me
faça notar,
Nunca ninguém tem interesse em
por mim procurar.
Como se bastasse, sou também um
livro que lês.
Sempre me mostrei como sou,
Só tu é que não o vês.
(Talvez não me queiras ver
Gostava de poder saber
Se vale a pena viver
Para amar o outro
Mas só o ver sofrer).
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