sábado, 9 de maio de 2015

Eu sou


Eu sou a boneca partida

Com o qual ninguém quer brincar.

Nunca a escolhida,

Sempre desprovida

Da diversão a que todos têm direito.

 

Eu sou a alma perdida

Que vagueia sem parar,

Noite e dia.

O mar percorria,

A terra pairava.

Tudo o que eu queria

Era alguém para amar.

 

Eu sou a onda quebrada,

Sempre inacabada,

Nunca chego a quebrar

À beira-mar.

Desfaço-me a meio

Sem mais força para a vida aguentar.

 

Eu sou a lágrima derramada

Apenas chamada

Quando algo está mal.

Em momentos de felicidade

(Não que vos interessasse)

A lágrima também queria participar.

Mas para ela nunca há lugar.

 

Eu sou a peça do puzzle que não encaixa,

Pareço sempre estar a mais.

Por mais que tente, ou que me faça notar,

Nunca ninguém tem interesse em por mim procurar.

 

Como se bastasse, sou também um livro que lês.

Sempre me mostrei como sou,

Só tu é que não o vês.

(Talvez não me queiras ver

Gostava de poder saber

Se vale a pena viver

Para amar o outro

Mas só o ver sofrer).

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