quarta-feira, 20 de maio de 2015

Comboio de pensamentos

E ali, naquele corredor frio, ela tirou a grande conclusão: ''estou sozinha''.
Ninguém ali com ela, ninguém a ligar, ninguém. Completamente sozinha.

Nós só nos apercebemos da verdadeira solidão quando, de verdade, não temos ninguém.
Eu sinto uma necessidade constante de me ligar a alguém, de falar com alguém. Mas esse alguém tem de ser sempre diferente. Talvez venha daí a minha dificuldade em manter amizades. Quando a pessoa deixa de ser uma desconhecida, torna-se desinteressante. E esta é também a razão pelo qual ninguém se interessa por mim. Eu não sou nada de novo, eu sou um cliché, sou algo que já foi visto inúmeras vezes no decurso da história.
Estou condenada a uma vida monótona.
Sou uma aluna normal, com comportamentos normais, mas com uma maturidade acima do normal. Saltei a parte da adolescência. Consequentemente, não passei pela experiência que é resolvermos os nossos próprios problemas. Empanco em todos os obstáculos, por mais pequenos que sejam, e deixo-os transformarem-se em gigantes muralhas que não em deixam avançar.

Os comboios passavam e nunca mais chegava o dela. A tristeza começava a fervilhar no espírito, mas ela não ia chorar. Ele não merece que ela chore. Ela nunca lhe devia ter mostrado a sua fragilidade.

Se eu contasse a verdade, ninguém quereria acreditar. Esta vontade que tenho de fazer o que não devo quase que se sobrepõe ao meu bom-senso. Quando percebi que estava verdadeiramente sozinha, adotei o papel de ser minha mãe e minha amiga.
No entanto nenhum dos meus ''eus'' me ajudará pois os meus ''eus'' são só eu, e se eu não sei, eles também não sabem. Por mais que tente, estou perdida. Eu estou perdida. E sozinha. E vou acabar assim também, independentemente de todo o meu esforço ou empenho.
Este é o destino de toda a gente.

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